sábado, 24 de agosto de 2013

Por enquanto, sem titulo

Acordei com Nico me chamando. Abri os olhos devagar e percebi que o carro estava parado embaixo de uma arvore.
- Acorde, a gente já chegou. - Nico disse me dando um beijo na bochecha e saindo do carro.
Demorei alguns segundos para assimilar que eu havia passado uma viagem de duas horas e meia dormindo. Desci do carro ainda sonolenta e observei tudo ao meu redor. O local era bem grande, havia uma placa de madeira escrita: "Sejam bem-vindos ao Hotel Fazenda Doze Flores", uma casa de três andares de madeira, um campo de futebol, um pomar, um celeiro, duas piscinas de água natural e um local coberto com churrasqueira e piscina aquecida. O local continuava para trás, mas eu não conseguia ver o que havia mais para lá.
Me aproximei de onde Nate, Lyanna e Nathalie estavam.
- Então a bela adormecida acordou. - Nate disse, rindo.
- Não, não. - Lya se intrometeu - Não vê que a Talissa ainda está dormindo?
Comecei a rir e fui andando em direção ao hotel. Nico e Daniel já estavam lá dentro conversando com a recepcionista: uma mulher de quarenta e poucos anos, com os cabelos pretos e os olhos cinzas.
- E essa deve ser a Talissa. - ela sorriu para mim e eu pensei em como ela tinha me reconhecido.
- Sim. - dei um sorriso de lado - Você deve ser a Marie, certo? Foi com você com quem eu conversei no telefone?
A mulher concordou com a cabeça e foi para trás do balcão.
- Eu fiquei muito feliz quando soube que vocês viriam, isso será perfeito. - ela pegou duas chaves em uma caixa - Aqui estão as chaves dos quartos, são as duas primeiras portas do segundo andar.
- Obrigada. - agradeci e peguei as chaves.
Peguei minha mochila e subi para o quarto junto com Lyanna e Nathalie, havíamos decidido que seria um quarto só para meninas e o outro para os meninos.
Joguei minhas coisas na cama perto da janela e sentei-me no chão, suspirando.
- O lugar parece ser bom. - Nathalie comentou, olhando pela janela.
- Tenho que concordar, estou animada para explorar mais. - Lyanna sorriu - E isso me dá uma ótima ideia. Chamem os meninos e me encontrem perto da churrasqueira.
Fiquei observando minha amiga sair do quarto e depois me levantei. Nathalie já havia ido chamar os garotos, então tudo o que eu precisava era ir até a churrasqueira.
Caminhei até a escada, sem prestar muita atenção e quando percebi havia esbarrado em alguém.
- Cuidado por onde anda, Talissa.
Olhei para a pessoa que eu havia esbarrado. Era um garoto um pouco mais novo que eu, ele tinha os cabelos loiros e os olhos cinzas, como os de Marie.
- Me desculpe... - falei, voltando a descer as escadas.
O garoto ficou me olhando até que eu saísse de dentro do hotel.

Caminhei até a churrasqueira, onde todos já estavam.
- Finalmente, pensei que você estivesse dormindo. - Nathalie brincou
- De novo. - Nate acrescentou.
 Puxei uma cadeira e me sentei ao lado de Daniel.
- Então, o que tem em mente? - encarei Lyanna, que se levantou
Ficamos em silencio por alguns segundos até que Daniel começou a rir. Bem, se eu já suspeitava que ele não era nada normal agora eu tinha certeza.
- Daniel, você poderia parar de rir? - Lya o encarou até que ele ficou quieto - Ótimo. Como vocês sabem este local é bem grande. Eu estava dando minhas olhadas e decidi que devemos explorar a área em preservação.
Ela esperou para ver nossa reação. Apenas ficamos a encarando, até que ela continuasse.
- Conversei com alguns funcionários e descobri que há um rio aqui perto. E também há uma cachoeira. - Lyanna parecia muito animada - Então, como ainda são quatro horas da tarde eu estava pensando que poderíamos ir lá agora. O que acham?
- Parece bom. - Nathalie disse, se levantando
- Então nós mal chegamos e já vamos para o meio do mato? - Daniel também se levantou, rindo.

Agora estávamos dentro de uma floresta, seguindo uma trilha que de acordo com a Lyanna deveria nos levar até uma cachoeira e tudo o que eu conseguia pensar era no barranco que havia na beira do rio a qual havíamos passado antes de entrar na floresta. Aquele parecia realmente um bom lugar para ler.
Fiquei tão distraída que não percebi que havíamos chegado a cachoeira até que o Daniel me empurrou para dentro da mesma. Já falei que odeio esse garoto? Pois é.
Sai da cachoeira encharcada. Meu casaco estava tão molhado que em vez de me esquentar me fazia tremer de frio.
Sentei na grama, me encolhendo.
- Estamos indo ver o que tem de bom para lá. - Nathalie gritou enquanto corria para dentro de uma trila com Lyanna.
Tirei meu casaco e deixei ao meu lado. Nate e Daniel haviam entrado na cachoeira e agora brincavam de lutinha usando gravetos como espadas.
- Está com frio? - Nico sentou ao meu lado.
- Um pouco. - respondi, encarando o céu
- Pegue. - ele me ofereceu o casaco dele e eu vesti no mesmo instante.
Ficamos observando os meninos brincarem até que escutamos um grito.
- Isso foi a Nathalie? - Nate perguntou, saindo da cachoeira.
Corremos pela trilha que as meninas haviam ido até as acharmos. Nathalie estava encolhida embaixo de uma arvore enquanto Lyanna encarava o resto da trilha.
- O que  foi? - Daniel perguntou, se aproximando. - Meu Deus, vocês gritaram por causa disso?
Me aproximei dos dois para checar. Havia uma coruja morta perto de Lyanna.
- Não é apenas "isso".
Lya apontou para frente e foi então que eu reparei: Não havia apenas uma coruja morta, haviam varias.

Na manhã seguinte Nathalie não quis se levantar da cama. Ela estava pálida, os cabelos cacheados sem vida e os olhos perdidos.
- Vamos Nath, temos muito o que fazer! Ainda não fomos nas piscinas! E podemos andar de cavalo!
Lyanna tentava fazer com que Nathalie se levantasse, mas ela apenas se limitava a nos encarar e sussurrar algo incompreensivo.
Me aproximei dela e coloquei minha mão em sua testa.
- Ah Nathalie... - falei baixo - Você está ardendo de febre.
Dei alguns remédios para ela e esperei com que ela caísse no sono. Depois desci até o restaurante com Lyanna, onde os meninos nos esperavam.
- Porque demoraram tanto? - Daniel perguntou, nos encarando - Estou com fome e a culpa é de vocês.
Sentei ao lado de Nate e peguei o cardápio.
- Nathalie está doente. - Lyanna falou, sem prestar muita atenção.
Uma funcionaria do local veio nos atender. Ela parecia bem velha para estar trabalhando, mas não comentei nada.
- O que desejam para o café da manhã, queridos? - ela deu um sorriso simpático
- Bacon, pão e ovos mexidos. - Daniel falou, encarando a mulher.
- E suco de laranja, cookies e sanduíches de frango. - Nico completou.
A mulher terminou de anotar o pedido e caminhou em direção a cozinha.
- Então, o que a Nath tem? - Nate perguntou
Respirei fundo e o olhei.
- Ela está estranha desde o ocorrido na floresta. - amarrei meu cabelo em um rabo-de-cavalo frouxo - E hoje ela amanheceu com febre, meio que sem vida.
- Ela está tão pálida que quando a vi pensei que estivesse morta. - Lyanna disse, atônita.
Encarei-a depois daquele comentário. Por alguma razão aquilo me incomodava.

Depois de tomarmos café da manhã eu subi para ver como Nathalie estava. Ela ainda dormia. Peguei um livro que estava em cima da cama e fui em direção a porta, mas antes que pudesse sair pensei ouvir Nath dizer "eles estão voltando para me buscar".
Virei-me para minha amiga. Ela ainda dormia. Respirei fundo, eu só podia estar ficando louca.
Fui até o barranco que eu havia visto no dia anterior e deitei na grama. O vento ali era forte, mas o local tinha uma ótima paisagem: as águas cristalinas do rio, as arvores altas do outro lado e as borboletas que voavam por ali.
Fiquei lendo até escultar passos. Virei para trás e deparei-me com Nico sentado me encarando com aqueles olhos lindos.
- Oi. - falei, sorrindo
- Não acha que o vento está mais frio hoje? - ele olhou para as arvores na margem oposta, que balançavam
- Um pouco. - franzi a sobrancelha - Você não deveria estar com os meninos?
Um meio sorriso brotou em seus lábios.
- Vim buscar você. - Nico levantou-se e começou a andar - Vamos?
Marquei a pagina em que eu havia parado no livro e me levantei. Enquanto caminhávamos ficamos conversando sobre assuntos aleatórios, até que passamos em frente a um galpão de onde vinha sons que pareciam com gritos.
Agarrei o braço de Nico e fiquei o olhando.
- O que foi? - ele perguntou, rindo
- Não está escutando?
Ficamos em silencio por algum tempo.
- Hum, que estranho. - ele finalmente falou, andando em direção ao galpão
Foi então que o garoto em quem eu havia esbarrado ontem apareceu. Ele usava um avental sujo de sangue e segurava luvas.
- Está tudo bem aí dentro? - perguntei, ainda agarrada ao braço de Nico
- Sim, Talissa. - o garoto me olhou - Só estava abatendo um porco para o almoço.

Depois daquele momento estranho fomos encontrar Nate, Daniel e Lyanna jogando bola no campo de futebol.
- Então os dois resolveram aparecer. - Daniel comentou, sorrindo de lado.
- Como está a Nathalie? - perguntei para Lyanna
- Não sei, é melhor eu ir ver. - ela respondeu, chutando a bola para Nate e saindo correndo.
Enquanto Lya não voltava ficamos jogando bola, o que não foi uma boa ideia, porque eu era realmente ruim. Aquele era o sexto gol que Daniel fazia e incrivelmente eu não havia conseguido defender nenhuma vez. Peguei a bola e taquei na cabeça dele, sentando no chão em seguida.
- Ai, sua doida! - ele resmungou, passando a mão na cabeça - Parece que fuma.
Comecei a rir, talvez eu também não fosse muito normal.
Os meninos também sentaram no chão, eles pareciam cansados.
- O que vamos fazer agora? - Nate perguntou
- A piscina aquecida seria uma boa. - Nico sugeriu e eu concordei com a ideia.
- Sim, seria uma boa para afogar a Talissa. - Daniel falou, me encarando. Acho que ele ficou ressentido pela bolada.
Eles começaram a conversar sobre algo que eu não prestei atenção, até que Lyanna chegou correndo.
- Gente. - ela tentava respirar - A Nathalie...
- A Nathalie o que? - olhei para ela
- A Nathalie sumiu.

Passamos o dia procurando pela Nathalie. Quando o sol se pôs voltamos ao hotel, Marie nos esperava com um semblante preocupado.
- Alguma noticia? - ela perguntou de trás do balcão
- Nenhuma. - respondi, desanimada
- Não se preocupem, nós iremos achá-la. Meus funcionários são de confiança e continuarão a procurar. Agora descansem.
Nate, Daniel, Nico e Lyanna foram para o restaurante e eu voltei para o quarto. Entrei no banheiro e tomei um banho demorado, depois coloquei um vestido de alcinha preto e deitei em minha cama. Fiquei observando o céu pela janela, já era quase lua cheia.
Tudo o que eu conseguia pensar era no que poderia ter ocorrido com a Nathalie. Não é possível alguém sumir assim.
- Talissa? Está aí? - Ouvi Nico perguntar enquanto batia na porta
- Pode entrar. - respondi
Nico entrou, ele segurava uma caixa de isopor, aquelas que se usa para colocar comida.
- Você precisa comer alguma coisa. - ele disse, se sentando ao meu lado
- Não estou com fome.
- Eu trouxe torta de limão. - Nico sorriu, me entregando a caixa
- Nesse caso acho que estou com um pouquinho de fome.
Enquanto eu comia Nico me contava como havia sido no restaurante. Aparentemente a funcionaria de lá parecia muito animada levando em conta o que acabara de acontecer e aquele garoto de antes também estava lá, ele conversava com Marie sobre como a lua cheia estava breve e nenhum deles parecia realmente preocupado.
- As vezes eu acho que se eu tivesse ficado no quarto a Nathalie ainda estaria aqui... - falei quando terminei minha torta.
- Você não acha que isso é sua culpa, né? - ele me olhou
- Acho... - senti meus olhos arderem
- Porque seria culpa sua?
Ficamos em silencio por algum tempo, então Nico me beijou.
- Agora durma um pouco, ok?
Ele me abraçou e logo cai no sono.

Sonhei com Nathalie. Ela corria pela floresta tentando encontrar uma saída. Seu cabelo estava desalinhado e o pijama sujo, ela tinhas alguns machucados sangrando, mas continuava a correr.
Quando finalmente conseguiu sair da floresta ela foi parar em frente ao galpão. Aquele garoto estava lá de novo, ele colocava o avental e quando percebeu que Nathalie chegava deu um leve sorriso.
- Finalmente você chegou.
Nath tentou fugir, mas ele a agarrou pelo cabelo e a arrastou até o celeiro. "Eles voltaram para me buscar..." Ela gritava.

Acordei assustada. Nico ainda estava ao meu lado lendo algum livro.
- Precisamos ir. - falei, me levantando
- Ir pra onde? - ele também se levantou
Vesti meu moletom e peguei meu celular de cima do criado-mudo.
- Eu sei onde Nathalie está.
Abi a porta e fui andando pelo corredor. Nico segurou minha mão e eu o olhei.
- Não vá saindo assim. Esqueceu que eu vou com você?
Caminhamos até o galpão em silencio. Já se passava das nove da noite e era complicado de se enxergar, mas a porta estava bem a nossa frente. Nico a abriu e adentrou o local. Eu o segui, hesitando.
Lá dentro era impossível de ser ver qualquer coisa.
- Deve ter algum interruptor por aqui... - falei, passando a mão pela parede
- Achei. - Nico falou e acendeu a luz.
Virei-me para ver o que havia no local e desejei nunca tê-lo feito. Havia sangue para todos os lados, pendurada em uma corda ao teto estava Nathalie, os olhos abertos e petrificados e a barriga cortada com os órgãos a mostra. No chão estava desenhado um pentagrama e sentada ao centro dele estava Marie. Ela falava em outra lingua e olhava para o teto, seus olhos estavam todo branco e em suas mãos havia um coração.
Segurei o impulso de gritar e olhei para Nico. Ele parecia tão atordoado quanto eu. Apontei para porta e saímos de lá. Quando chegamos ao lado de fora cai de joelhos no chão e comecei a chorar.
- Talissa. - Nico se ajoelhou ao meu lado - Nós temos que sair, temos que avisar aos outros.
Ele me ajudou a levantar e fomos atrás dos nossos amigos. Os encontramos no quarto dos meninos, conversando.
- Temos que sair daqui. - Nico falou - Agora.
Nate, Daniel e Lyanna se entreolharam.
- Queremos explicações. - Nate nos encarou
- Nathalie está morta no galpão e Marie parece ser algum tipo de bruxa. - falei o mais rápido que pude - Agora vamos sair daqui.

Corremos em direção ao carro, mas quando chegamos os pneus estavam furados.
- E agora? - falei, chutando um dos pneus
- Ligamos para a policia? - Daniel sugeriu.
Nate pegou o celular e tentou discar.
- Não tem sinal aqui.
Ótimo, íamos acabar todos mortos igual a Nathalie. Me apoiei no carro e tentei não voltar a chorar.
- Pessoal. - Lyanna falou - Acho que sei o que está acontecendo...
- O que? - Daniel a encarou
- Ontem de madrugada eu acordei com fome e fui até o restaurante. No caminho passei em frente ao quarto de Marie e ela conversava com aquele garoto loiro sobre algum pacto. - ela olhou para cima - O garoto falou que agora só faltavam mais quatro mortes para o ritual ser completo antes da lua cheia.
- E porque não nos contou isso antes? - Nate perguntou, indo para a frente dela.
- Porque estava tarde e eu pensei que....
Então uma flecha atravessou a cabeça de Lyanna, espirrando sangue no rosto de Nate.
- Estava sonhando... - ela completou antes de cair no chão, morta.
- Vamos sair daqui. - Nico falou e nós corremos.
Daniel corria na frente e acabou no guiando até a floresta. Quando não aguentávamos mais correr sentamos no chão cheio de folhas, ofegando.
- O que vamos fazer? - perguntei, ainda com a cena de Lya morrendo em minha mente
- Não sei... Devemos ficar por aqui até as coisas se acalmarem. - Nate falou, olhando ao redor - Talvez eles pensem que fomos embora.
- Como iriamos embora se o carro continua lá? - argumentei
- Não há uma estação de trem aqui perto? - ele rebateu
- A estação fica à 10 minutos daqui... - Nico disse, se levantando.
- Podemos ir para lá. - Daniel falou
Também me levantei. Haviam várias trilhas ao nosso redor e provavelmente os funcionários as conheciam de cor e salteado. Se continuássemos ali logo logo seriamos encontrados.
- Temos que continuar. - falei, por fim
- Não tem não.
Virei para trás e deparei-me com o garoto loiro. Ele estava com o avental sujo de sangue e segurava um facão.
Voltamos a correr. Daniel novamente ia na frente e eu logo atrás, com Nico e Nate atrás de mim. Íamos por uma trilha que ficava cada vez mais larga e sem arvores.
Foi então que eu reconheci o local. Nós havíamos passado por ele quando íamos para a cachoeira. Logo a frente havia um penhasco...
- Daniel, não!
Quando eu gritei já era tarde de mais, ele havia caído. Quando dei por mim já estava chorando de novo. Nico me abraçou.
- Nós vamos morrer, nós vamos morrer... - era tudo o que eu conseguia dizer.
- Não vamos não, conseguimos despistar o garoto. - Nico falou e depositou um beijo em meus lábios.
Nate sentou-se a beira do penhasco e deu uma gargalhada.
- Não seja tolo, ele só foi embora porque conseguiu o que queria. - ele apontou para baixo - Mais uma morte.

Acabamos ficando os três sentados na beira do penhasco, olhando para baixo. O vento ficava cada vez mais forte.
- Devíamos sair daqui. Ir até a estação, avisar a policia. - falei depois de um longo silencio
- Sim.
Nico concordou mas continuamos sentados, observando o nada. E assim ficamos até Nate se levantar.
- Vamos logo, temos que sair daqui. - ele falou, começando a andar.
Nico e eu levantamos e começamos a segui-lo. Todos os caminhos que pegávamos nos levava de volta ao hotel. Tantas trilhas e só um destino... Estávamos entrando na decima segunda trilha quando paramos. E eu sei porque estava contando.
- Deveríamos ir até o hotel. - Nate sugeriu.
- Não! - falei na mesma hora
- Não há outra saída. - ele falou, se aproximando de mim - Nós temos que ir! Temos que lutar pela nossa vida!
- E como você acha que vai fazer isso? - comecei a gritar
- Eu irei matá-los! - Nate me segurou pelos ombros e começou a me balançar - Eu irei salvar vocês!
Então ele correu, me deixando ali, parada.
- Vamos? - Nico perguntou, estendendo a mão para mim.
Quando Nate finalmente sumiu em meio as arvores eu segurei a mão de Nico e nós corremos em direção ao hotel.
Chegando lá encontramos Nate enforcando a mulher do restaurante. Ela tentava gritar enquanto ele cravava as unhas no pescoço velho da mulher. Quando ela finalmente caiu morta no chão nós nos aproximamos.
- Tem certeza? - perguntei e ele balançou a cabeça positivamente
Adentramos o hotel juntos. Marie estava no balcão anotando algo em um caderno e ao lado dela estava o garoto loiro.
- Bem vindos novamente. - ela deu um sorriso simpático, ainda anotando o que quer que fosse no caderno - Meu filho Jason cuidará de vocês.
Olhei para o garoto loiro e ele sorriu para mim.
- Talissa, doce Talissa. - ele se aproximou, com o facão na mão - Só preciso de mais duas pessoas. Junte-se a mim e tudo ficará bem.
Jason me ofereceu o facão e eu o aceitei, hesitando. Olhei para Nate e torci para que ele entendesse o que estava acontecendo. Fui me aproximando de Nico aos poucos e deixei um sorriso sínico surgir em meus lábios.
- O que você está fazendo? - Nico me perguntou, recuando para trás
- Salvando a vida de quem realmente importa. - respondi, sorrindo
Me aproximei mais um pouco dele.
- Agora! - gritei
Peguei o facão e enfiei em meu peito esquerdo. Assim que eu senti a dor cai no chão, de joelhos. As lagrimas começaram a descer pelo meu rosto. Tentei olhar para o lado e consegui ver que Nate havia matado Jason e agora estrangulava Marie.
- Eu consegui... - falei baixo
Nico havia se ajoelhado ao meu lado.
- Talissa... - ele passou a mão em meu cabelo - O que você fez?
- Salvei a vida de quem realmente importa. - repeti o que havia dito antes, com um leve sorriso nos lábios - Eu amo você, Nico.
- Eu também amo você Tali... - agora ele chorava
- Prometa-me que irá sair daqui, que irá manter Nate a salvo. - eu sentia minha vida escapando de meu corpo - Prometa-me que ainda será muito feliz...
- Nós ainda seremos muito felizes. Você vai ficar bem, nós vamos sair daqui...
- Por favor Nico, me prometa. - levei minha mão até sua bochecha
- Eu prometo.
Então ele me beijou e eu fechei os olhos... E quando voltei a abri-los estava deitada em uma maca de hospital, com Nate e Nico ao meu lado.

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