sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Um conto sobre o amor de um mortal

Ele havia sonhado com ela novamente. Dessa vez o sonho ocorria em uma sala branca, com duas poltronas. Ele estava sentado em uma delas e em sua frente, sentada na outra poltrona, estava ela: a mulher de longos cabelos castanhos, olhos azuis e uma beleza que só podia ser descrita como divina.
Como das outras vezes que sonhara com ela não conseguia dizer nada. Abria a boca para chamá-la, perguntar qual era seu nome, conhecer mais daquela mulher. Mas sua voz não saia. Era como gritar no vácuo e aquilo o frustrava.
Cerrou os punhos, visivelmente irritado. Tentou falar mais uma vez e conseguiu o mesmo resultado frustrante de antes.
Dessa vez ao cerrar os punhos acabou esmurrando o braço da poltrona. A mulher riu daquela cena, mas ao contrario do que acontecia com ele sua risada havia se propagado por toda a sala.
Ele a encarou, os olhos brilhando, encantado por aquela risada tão espontânea. Sentiu vontade de levantar-se na mesma hora e beijá-la, mas tudo o que conseguiu fazer fora acordar.

Naquele dia ele fora para a faculdade cansado. Por algum motivo seus sonhos o deixavam assim, sem vontade de viver. Tudo o que desejava era encontrar aquela mulher.
Não prestava atenção na aula até que o professor tocou no nome de uma deusa grega chamada Afrodite. Reparou nas fotos do telão e pensou em como aquela deusa lhe parecia familiar.
Quando chegara em casa havia conseguido cair no sono rapidamente.
Em seu sonho estava em um parque repleto de arvores e flores cor-de-rosa. O local cheirava a canela e a hortelã.
Ele a encontrou sentada em um balanço velho de madeira. Ela trajava uma túnica branca com um cinto de ouro trançado e sandálias gladiadoras. Seu cabelo estava preso com uma coroa de flores.
Ao vê-la daquele jeito as palavras do professor ecoaram em sua mente: "Afrodite, a deusa grega do amor e da beleza." Ela era. Só podia ser ela.
Caminhou em sua direção, um leve sorriso aparecendo em seus lábios. Quando estava perto o suficiente pôde notar a aura de poder que ela emanava.
Ajoelhou-se em sua frente, os pensamentos perdidos naqueles olhos azuis tão profundos.
- Lucas, meu doce Lucas. - ela falou, a voz tão bela quanto podia ser - Não tens medo de se apaixonar por uma deusa?
O garoto passou alguns segundos para raciocinar que ela havia lhe feito uma pergunta.
- Não. - respondeu diretamente e sorriu ao perceber que conseguia falar - Não tenho medo. Parece ser a coisa certa. Você é a mulher dos meus sonhos. - ele fez uma pausa - Literalmente.
Afrodite gargalhou, divertida com o que o garota falara.
- Sabes o quão difícil pode ser um amor entre uma deusa e um mortal? - perguntou assim que parou de gargalhar
- Sei.
Então ele a beijou. Um beijo doce e inocente que mudara a sua vida para todo o sempre.