segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Um conto para aqueles que se apaixonam pelos sonhos

Remexeu-se na cama, enrolando-se na coberta, ainda embebedada de sono. Abriu os olhos e focou na janela aberta, os raios de sol da manhã entrepassando os galhos da árvore ao lado e chegando ao seu rosto gélido do frio de outono.
O sonho que tivera ainda passava em sua mente, conseguia lembrar de cada detalhe. O parque cheio de árvores, as folhas caindo sobre a grama devido a estação do ano, o balanço de madeira indo e voltando com o vento, e ele. Ele sempre estava em seus sonhos, mesmo sem conhecê-lo. Era sempre ele. O mesmo rosto pálido, os olhos escuros, o sorriso fraco. Quando acordava conseguia sentir seu cheiro e o calor que emanava.
Levantou da cama e se espreguiçou. Ainda estava vestida com a mesma roupa da noite passada: calça preta e moletom da sua banda preferida. Calçou o primeiro par de tênis que achou, colocou uma touca azul e saiu pela janela.
A rua estava vazia e se sentiu feliz por isso. Não queria ter que parar para falar com os vizinhos, estava cansada daquele velho papo de "Olá Ane, como estão os estudos?" de sempre.
Caminhou até a estação de metrô, sentindo o vento no rosto. Sabia que suas bochechas deviam estar vermelhas. Elas sempre ficavam vermelhas no frio.
A estação estava cheia. Várias pessoas andavam apressadas, mentes vazias seguindo uma rotina. No meio de tantos rostos procurou por ele, mas não o encontrou. Sentiu os estomago revirar.
Pegou o metrô e desceu em uma estação qualquer. Andou pelas ruas, olhando as casas ao seu redor. Ele podia estar em qualquer uma delas.
Continuou caminhando até chegar no parque perto de casa. O frio só aumentava e agora ela abraçava a si própria.
Caminhou entre as árvores até sentir o cheiro dele. Não conseguia encontrá-lo, mas sabia que ele havia estado ali. Era o mesmo cheiro de todas as manhãs. O cheiro que a fazia se sentir bem.
Avistou um balanço de madeira e sentou-se no mesmo. Passou a mão pela corrente já enferrujada e balançou-se de leve.
- Onde você está? - falou baixo - Eu preciso de você aqui.
Ao entardecer, quando o sol começou a se esconder novamente, voltou para casa. Entrou pela janela, tirou o tênis e deitou-se na cama. Puxou as cobertas e se perdeu no meio dos vários travesseiros.
Fechou os olhos e cantou baixinho até cair no sono. E lá estava ele, com o sorriso fraco no rosto, as mãos no bolso do moletom, fitando-a com seus olhos escuros.
- Anezinha - ele a chamou - Obrigado por continuar procurando por mim. - falou, aproximando-se dela e a abraçando

Remexeu-se na cama, enrolando-se na coberta. Abriu os olhos e encarou a janela aberta. Os primeiros raios do dia aparecendo, entrepassando os galhos da árvore ao lado, aquecendo a manhã gélida de outono.
Levantou e espreguiçou-se, o sonho que tivera ainda vivido em sua mente. A voz dele continuava ecoando. Precisava encontrá-lo agora mais do que nunca.
Trocou de moletom e calçou o primeiro par de tênis que achou. Colocou uma touca rosa e saiu pela janela.