sábado, 21 de fevereiro de 2015

Os Herdeiros de Summoner's Rift

A garota mancava pela selva o mais rápido que sua perna machucada permitia. Apoiava-se na espada em forma de crescente de sua mãe, tentando em vão buscar alguma forma de manter-se em pé. Ouviu barulho de água e caminhou em direção ao mesmo, deparando-se com um rio. Ajoelhou-se sobre a grama que crescia em volta da corrente e encarou seu reflexo na água não tão pura. Seu rosto estava marcado por recém-cicatrizes e um fio de sangue escorria de sua boca e nariz. Os cachos platinados de seu cabelo mal alcançavam seu ombro em um emaranhado de nós e sujeira, mas o que mais chamava atenção em sua aparência era os olhos banhados pela luz da lua: a dor que havia neles podia tocar o mais frio dos corações. Juntou as mãos e usou-as para apanhar um pouco de água, lavando o rosto. O sol já sumia entre as montanhas e o uivo dos lobos se tornava mais alto. A lua erguia-se com todo o seu esplendor, brilhando em sua cor prateada. A garota encarou o céu.
-  Mãe - uma unica e solitária lágrima escorreu por sua bochecha - eles a mataram porque você a amava. Você disse que ela fora sua amiga até o final, apesar de tudo, e por isso iria valer a pena a luta. Mas eu não acredito nisso. Ela não acreditou em você, mesmo quando o nosso próprio povo tentou te matar, ela não acreditou em você. Ela se tornou sua inimiga! O nome dela era Leona, mãe, e a vida dela não valia o mesmo tanto que a sua.
Ela tossiu. Mais sangue escorreu de sua boca. Deitou-se sobre a grama, conseguia ver a lua refletindo no lago. Seus olhos se fecharam, por mais que ela lutasse contra isso, estava cansada, machucada e sozinha. Tresh coletaria sua alma no final de tudo, ela sabia.
O uivo dos lobos se tornou mais alto. Ouvia o barulho de algo se movendo entre as árvores, cada vez mais perto. Apertou sua mão contra o cabo da espada em forma de crescente. "Não estarei sozinha por muito mais tempo, mãe. Eu irei encontrá-la, para onde quer que você tenha ido."
Abriu os olhos uma última vez. Viu a sombra de alguém, o machado erguido pronto para terminar o serviço que havia começado mais cedo. Fechou os olhos e esperou pela dor final, mas tudo o que chegara fora o som de aço contra aço e uma forte luz.
Era como se o sol estivesse nascendo mais uma vez. Calor, era isso que ela sentia. Calor e uma onda de sentimentos que não podia descrever. Ao seu lado, o garoto segurava o escudo dos solari. Sua armadura estava desgastada e cheia de arranhões, e de um corte em sua bochecha escorria sangue, mas mesmo assim, ele sorria.
Perto dele havia o corpo de um homem, com um machado pendendo de sua mão e uma espada dourada atravessando seu peito. Seu sangue escorria pela grama até a água, tingindo o rio de vermelho.
- Cria da Lua. - o garoto falou, puxando-a para seu colo
- Cria do Sol. - ela rebateu, fraca - Pensei que havia voltado para seu povo.
- Nosso povo. - ele respondeu - Mas eu não podia deixá-la.
Um leve sorriso surgiu nos lábios da garota.
- Eu não entendo porque voltou por mim. Eu não merecia.
Ele passou a mão pelo cabelo da garota, sentindo os cachos que não haviam sido desmanchados pela batalha.
- Sua mãe voltou pela minha, depois de tudo. Por que eu não voltaria por você?
- Minha mãe - a garota tossiu, sentia dor em todas as partes de seu corpo e já não conseguia mais mexer sua perna machucada - minha mãe amava Leona. Sempre amou.
- Minha mãe também amava Diana. Ela seria capaz de fazer tudo pelo escarnio da lua. - ele suspirou, acariciando o rosto da garota - E eu amo você. Você é o meu legado.
A garota fechou os olhos.
- Devo me despedir...
- Não - ele a puxou para mais perto de si, depositando um beijo em seus lábios pálidos - Não diga adeus. Olhe para mim. - a garota parecia deixar-se levar - olhe para mim, por favor. Não diga adeus, não diga adeus.
Ela soltou o cabo da espada e juntou todas as suas forças para colocar sua mão no rosto do garoto. O calor que ela sentia ao tocá-lo... O calor a fazia se sentir bem. Ela queria se entregar aquela sensação.
Abriu os olhos que voltaram a se fechar lentamente. O suficiente para que ele pudesse ver que os olhos dela não refletiam mais dor, apenas o leve brilho da lua.
- Isto é um adeus - ela se esforçou para falar - estou deixando que o calor me leve.
Ela sorriu, um sorriso doce e sincero, e então deixou que o calor lhe envolvesse por completo enquanto ele a abraçava forte e lagrimas quentes escorriam por sua bochecha.