domingo, 19 de maio de 2013

One-shot: Uma historia sobre o fim



Fazia sol quando o professor Finn, de educação física, pediu a atenção de seus alunos.
Pandora, Michael e Liam estavam sentados no segundo degrau da quadra de esportes e pararam de conversar sobre violão para escutar o professor.
– Então, eu tenho um comunicado importante. – Finn fez uma pausa – A última missão para salvar o mundo falhou. O foguete 003 não conseguiu destruir o asteroide. Daqui a oito dias, cinco horas e vinte e dois minutos o asteroide conhecido como Planeta 14 irá colidir com a Terra.
Uma agitação se formou entre os alunos.
– Por favor, fiquem calmos. Já estamos no último horário de aula, quando o sinal tocar vocês estarão livres para irem atrás da família de vocês. Esse foi o último dia de aula de vocês, aproveitem isso.
Então Finn se retirou da quadra, os meninos que ali estavam voltaram a jogar futebol, muitos comentando que aquele seria o último jogo juntos.
Pandora tinha o olhar perdido, olhava para o céu, para as nuvens que agora tampavam o sol.
– Então o mundo vai acabar. – ela falou, mexendo na manga de sua blusa de frio.
– Sim. – Michael disse, pegando na mão da garota
Liam também parecia ter o olhar perdido.
– Eu preciso ver a Demetria.
– Mas Liam... – Panda o olhou – Ela está á milhas daqui.
– Por favor, Pandora. – o garoto se levantou –Me leve até a Demi.

O dia amanhecera agitado. A maioria das pessoas preparava-se para viajar, queriam rever a família, conhecer lugares novos, fazer o que ainda não haviam feito.
Depois de convencer os pais a deixá-la ir até Goiânia atrás de Demetria, sua melhor amiga de infância, Pandora pegou sua mochila e colocou algumas roupas.
Soltou seu cabelo, que chegavam abaixo da nuca em leves cachos castanho-escuros. Colocou um vestido azul-escuro rodado, calçou seu par de all star preto preferido e vestiu uma blusa de frio preta.
Em seguida despediu-se de sua família, pegando sua bicicleta e indo em direção à escola, onde encontraria com Liam e Michael.
No dia anterior havia combinado com os dois que viajariam para Goiania de bicicleta. Era uma ideia idiota, mas era o melhor que eles podiam fazer. Panda gostaria que seus outros amigos pudessem ir com ela, mas Jonny havia ficado com Wendy, e Mathews e Jimmy precisavam ficar ao lado de Karen, irmã de Mathews e prima de Jimmy, que estava internada no hospital.
Quando Panda chegou à escola, Liam e Michael já haviam chegado.
– Conseguiu falar com a Demi? – Liam perguntou, desencostando-se da parede
– Ela não atende o celular.
Desceu da bicicleta, pegando o celular na mochila e novamente discou o numero da Demetria. Como das outras vezes, a ligação caiu na caixa postal.
Michael estava mais quieto do que o normal. Pegou sua bicicleta que estava caída no chão e sorriu de lado, falando:
– Vamos logo, preciso falar com minha mãe ainda.
– Mas nós vamos nos atrasar, preciso estar de volta antes do dia final. – Pandora falou, olhando para Michael.
– Vai ser rapidinho, e é no caminho.
– Vamos logo com isso... – Liam disse, subindo em sua bicicleta.
Pedalaram por alguns minutos até chegar á casa de Michael. Deixaram as bicicletas na garagem e tocaram a campainha.
Uma mulher de cabelos pretos e pele clara abriu a porta. Ela tinha um sorriso largo e olhos brilhantes, como os de Michael.
– Oi filho. – ela passou a mão na cabeça do menino – E amigos.
– Sou a Pandora. – a garota disse, sorrindo
– E eu sou o Liam.
– Sejam bem-vindos, eu sou a Marie. Vamos entrar...
Entraram na casa devagar, seguindo Marie, e sentaram no sofá cor de pele que tinha na sala de estar.
– Então, não podemos demorar muito, se não vamos nos atrasar para a viagem. – Liam comentou, com um sorriso nos lábios
– Que viagem? – Marie disse, levantando-se do sofá
– Mãe, posso conversar com você a sós? – Michael falou, puxando a mãe para a cozinha.
Da sala Pandora e Liam podiam escutar os dois gritando. Depois de algum tempo Mich voltou para a sala, jogando-se no sofá.
– Vou poder ir, mas teremos que passar a noite aqui.
– Por mim tudo bem, já são cinco da tarde mesmo. – Panda disse, levantando-se do sofá – O que vamos fazer para aproveitar o fim do mundo?
– Minha mãe disse que tem uma cama-elastica no quintal...

O quintal era um lugar amplo, havia uma piscina, uma churrasqueira e uma mesa de piquenique. Sobre o gramado havia uma cama-elastica, com duas meninas pulando.
– Quem são? – Panda perguntou, sorrindo
– Minhas irmãs. – Michael respondeu, subindo na cama-elastica.
Uma das garotas aparentava ter por volta dos 12 anos, ela tinha o corpo pequeno e os cabelos pretos compridos. Já a outra era mais velha, talvez 18 anos. As duas tinham um sorriso largo, assim como Marie.
Liam e Panda sentaram-se na grama e ficaram observando os três irmãos pulando e rindo sem parar. Aquele até que era um bom modo de aproveitar o fim do mundo.
Pandora sentiu seu celular vibrar no bolso, pegou-o e viu que era uma ligação da Demetria.
– Liam, é a Demi... – a garota disse, atendendo o celular
– Ponha no auto-falante!
– Oi Demi... – Panda disse
– Panda, o céu vai cair! – Demi disse em meio aos soluços – Eu preciso de você... e do Liam.
– Calma... Amanhã de manhã vamos viajar praí! Nós vamos te ver, ok? – A ligação começava a falhar
– Prometa que antes do mundo acabar vocês ainda vão me abraçar...
– Eu prometo Demi! Escuta...
E então a ligação caiu.

Em Goiânia Demetria estava muito aflita e preocupada, primeiro porque seria o fim do mundo, e segundo, e se o mundo acabasse e não visse Liam?
Era um dia tão calmo até a notícia sair em todos os jornais: o fim do mundo seria em seis dias. Demi tinha que fazer algo para ver todos aqueles que não podiam, seu pai e seus amigos que moravam em Brasília.
Ela ligou para seu pai primeiramente e mandou beijos, falou que iria visita-lo antes do fim do mundo, mas em sua tentativa de ligar para Panda, sua grande amiga de infância, a moça da telefonia dizia que "estava ocupado", assim Demetria ficou louca, ficou o dia todo tentando ligar, ate que finalmente conseguiu, mas ela não pode terminar a chamada a ligação havia caído.


Após pedalarem por mais de quatro horas Liam, Michael e Pandora pararam em uma lanchonete de beira de estrada. Era um lugar pequeno, com mesas de madeira e comida bem simples.
Sentaram em uma mesa perto da janela e pediram panquecas e coca-cola. Panda olhava pelo vidro embaçado o céu lá fora, isso sempre a acalmava, e Liam e Michael conversavam sobre tudo o que já haviam passado juntos.
– Lembra de quando fizemos aquele desenho do Homem de Ferro e ninguém conseguia fazer o outro braço? – Liam sorriu

Foi então que o âncora do jornal anunciou que o fim do mundo havia sido adiantado, “o asteroide Planeta 14 está vindo em uma velocidade maior do que esperávamos, os cientistas estimam que a Terra será destruída daqui a aproximadamente uma hora e quinze minutos”.
Panda continuou observando o céu, como se não tivesse escutado nada. O senhor dono da lanchonete caminhou em direção a eles com dois sacos de papel com as panquecas dentro.
– Me desculpem, terão que levar para a viagem. Nós estamos fechando, temos que ir até a nossa família.

– Ah, tudo bem. – Liam respondeu – São quantos minutos daqui até a Goiania?
– Dá uma hora, meu jovem.
– E de bicicleta? – Michael perguntou
– Vocês morrerão no caminho. – Panda parou de olhar para o céu – Mas eu lhes dou carona.

E então entraram no carro do velho homem e comeram suas panquecas. O coração batendo forte, pensamentos voando.
Liam pegou o celular e ligou para Demi, pedindo que ela os esperasse em frente a casa dela.

E quando eles chegaram ela realmente estava lá. Os olhos vermelhos de tanto chorar.
Pandora correu e a abraçou, e quando soltou a amiga Liam a olhava com um sorriso fraco nos lábios.
Demi não pode conter o sorriso, correu e o abraçou, beijando-o.
E então David, o irmão mais novo de Demi gritou que o céu estava caindo.
Michael aproximou-se de Panda, apertando a bochecha da garota.
– O que você está fazendo? – Ela perguntou
– Pode ser a última vez que eu aperto sua bochecha. – ele sorriu – Acho que vou sentir falta disso.
– Michael, eu estou com medo. – Panda disse, com os olhos vermelhos
– Vai ficar tudo bem.
Então ele a abraçou e pela primeira vez olhar para o céu não a acalmaria. 



Escrita por Tauane Matos e Sara Moreira. 

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